Estava irritada, o tiozinho da poltrona ao
lado não fechava a boca. Falta de respeito, né, moço? A viagem já não é lá
muito confortável e com barulho que nem te deixa ler, o que fazer? Daí coloquei
o fone. Apertei o play. Na sorte caiu no Leoni. E os outros que era para cumprir seu papel de música e me acalmar antes
que eu gritasse com o tio da poltrona 45, fez tudo errado.
Primeiro foi a melodia. Alguns segundos e
voltei aos meus 16. Atrasada, com fome, correndo pra aula do cursinho. Depois
veio o primeiro verso: “já conheci muita gente, gostei de alguns garotos”.
Voltei ao ônibus, abri a cortina, não vi a paisagem, vi muita gente... E me vi,
ali sentada.
O Leoni insistia:
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Não sou dedicada à filosofia, nem li
Schopenhauer, mas meu Professor de Literatura leu e, na última aula, ele disse
que pro tal filósofo, existe algo em nós mesmos que não podemos controlar: a
vontade. E a vontade nos leva ao sofrimento. Esse cara leu sobre budismo certamente.
Sobre budismo eu li. É maravilhoso pensar na vida sem sofrimento não dando
importância a nossa própria vontade, receita simples, né? Mas não é. Se
controlar a vontade de comer um doce a cada meia hora já é difícil, controlar
os pensamentos que fluem naturalmente e não engordam é beeem pior.
E tudo faz
pensar e lembrar.
Estava tocando os outros. Eu queria perguntar ao Schopenhauer se não controlar
as próprias vontades incluía não controlar a própria memória. E, sozinha,
percebi que não tenho controle do que lembro ou não. E que lembrar é ressentir.
Se na razão nos parece que não há vontade de mexer em certas lembranças, no
desejo verdadeiro está tudo ali, intacto e fresco, brincando de esconde-esconde
com a nossa resistência.
Aos 16 eu fazia poemas dos amores que eu
imaginava, dos livros que eu lia, das canções. Aos 23 eu só escrevo sobre o que
vi, sobre o que aprendi e, principalmente, sobre o que senti. E tenho escrito
bem menos por isso.
Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros
Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos, mas você foi
O meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você
Os outros são os outros e só
São tantas noites em restaurantes
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Sobre mãos, bocas e perfumes
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem
Mais que um cinema
Com meu melhor namorado
Link: http://www.vagalume.com.br/leoni/os-outros.html#ixzz30thjfMt8
Mas depois de você
Os outros são os outros
Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos, mas você foi
O meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você
Os outros são os outros e só
São tantas noites em restaurantes
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Sobre mãos, bocas e perfumes
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem
Mais que um cinema
Com meu melhor namorado
Link: http://www.vagalume.com.br/leoni/os-outros.html#ixzz30thjfMt8
***Especialmente hoje resolvi
escrever uma crônica, perdi o prazo para enviar meus poeminhas “meia boca” para
a Semana de Letras da Unifesp e mesmo assim quis escrever (Não que
eu esteja super decepcionada por ser relapsa e ter me esquecido de enviar um texto, porque ano passado eu fiquei em 3º lugar no concurso de poesia e o
carinha SUMIU com o meu prêmio! URGHH).