A primeira vez que eu li
algo do David Levithan foi no livro “Will e Will- Um nome, um destino” no qual
ele escreve em parceria com o John Green.
Logo fiquei bastante curiosa para ler
mais do autor que é bastante conhecido no gênero YA (Young adult, que no Brasil
pode ser considerado como “jovem adulto”) e optei pelo seu livro mais recente
“Todo dia”, sendo uma escolha que me deixou bastante satisfeita.
Imagine se todos os dias você acordasse num
corpo diferente com uma nova história, uma nova vida e um novo sexo. É
assim que é a vida de A, que nunca possuiu um corpo só seu e todo dia quando
acorda ele ou ela (visto que na versão em inglês o autor utiliza o pronome
neutro para se referir a A que em português a gente não possui, uma pena
porque faz mais sentindo se referir a A como um ser neutro) precisa aprender a
se adaptar a nova pessoa que ele vai ser, menino ou menina, heterossexual ou
homossexual, certinho ou rebelde, nerd ou atleta, gordo ou magro, bonito ou
feio e por aí vai.
A única coisa que não muda para A é que ele sempre vai
habitar o corpo de alguém da sua faixa etária que no caso é 16 anos. Como a sua vida inteira foi
assim A cria alguma regras para si mesmo: não se apegar a ninguém e nunca
interferir em nenhuma vida. Até que um dia tudo muda quando ele conhece
Rhiannon e a partir desse momento todas as regras passam a ser quebradas.
Ao longo da narrativa eu confesso que fui me
apegando muito ao A e torcendo para que ele ou ela pudesse ser feliz. Por ter
vivido em diversos corpos diferentes A sabe enxergar o mundo de uma forma que
ninguém mais consegue, já que esteve em corpos de pessoas que eram deprimidas,
egoístas, felizes, boas e etc. portanto A já experimentou todo o tipo de
sentimentos e por isso consegue perceber o que as outras pessoas estão
sentindo. Lembra daquela música que diz: “cada um sabe a alegria e a dor que
traz no coração”? A consegue saber da sua própria alegria e dor ao mesmo tempo
que sabe também da que as outras pessoas carregam.
A história de amor entre A e Rhiannon é
extremamente tocante. Todo dia A vai tentar superar a sua condição para ficar
junto de Rhiannon, o que pode gerar alguns problemas na vida de A por conta de
algumas interferências que ele ou ela acaba fazendo nos
corpos em que habita. Já aviso que a história é meio triste e eu senti tanta
pena do ou da A enquanto lia esse livro. Mas ainda assim é uma história muito
bonita que vale a pena ser lida.
A única crítica que eu tenho a fazer sobre
esse livro é que para mim a história podia ser maior, senti que ainda faltaram
muitas coisas das quais o autor poderia ter trabalhado e acabou deixando de
lado, terminando o livro com várias pontas soltas e me deixando morrendo de
vontade de saber mais do que aconteceu com o ou a A. Tirando isso o livro é
muito bem escrito e trabalhado, fazendo com que a gente goste bastante do ou da
A e se emocione bastante com o personagem e toda a sua condição de vida. Para
finalizar deixo aqui um trecho desse livro que eu amei:
“Se tem
uma coisa que eu aprendi é isso: todos nós queremos que tudo fique bem. Nem
mesmo desejamos que as coisas sejam fantásticas, maravilhosas ou
extraordinárias. Satisfeitos aceitamos o bem, porque na maior parte do tempo,
bem é o suficiente” (pág. 11).